segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Trilhando o meu "Caminho Pedagógico"

Comecei a escalar no fim de 94 na região de Bragança PaulistaVia do Maluf - Visual das Águas, costumava ir sempre para o Visual das Águas, Guaraiúva, Leite Sol e outros locais.

Não me preocupava muito em evolução e treinamento,queria apenas praticar algo ao ar livre que de curtição e ter a oportunidade de encontrar os amigos para darmos boas risadas.

Cume Pratileiras , ItatiaiaNo estado de São Paulo aquela região é bem interessante para começar a escalar, ideal para aprender os procedimentos básicos, treinar o corpo e dar início no seu caminho pedagógico uma vez que você se liga do que é preciso para a sua escalada.

Via Meia Lua , BauzinhoComecei a encarar as minhas idas para a rocha com mais seriedade, tentando formar uma boa base de escalada esportiva com o objetivo de consolidar o grau antes de querer subir mais letras e números.


Iniciei treinando em casa num finger board e no muro da faculdade perto de casa, querendo escalar vias para mandar a vista. Mas devido a um pequeno acidente num treino na capoeira ferrei com o meu tendão e mais alguma coisa na minha mão direita. Achei que nunca mais que voltaria a escalar.

Via Leste, Pico MaiorO tempo foi passando, a mão ainda muito fraca e aí comecei a tremer de vontade de escalar, decidi fazer algo muito fácil e diferente indo para São Bento escalar a Ana Chata. Achei muito massa aquela rocha e aí não parei mais de escalar naquele estilo.

Depois deste dia comecei a procurar vias mais longas, fui me interessando por proteções móveis, vias com mais exposição e sempre pensando em consolidar o que eu estava fazendo. Via Turuleca, Los Arenales - ARG

Porque quando fosse escalar vias de comprometimento, teria certeza de que eu era capaz de mandar devido a base que eu tinha formado.

Neste caminho tentei fazer o máximo de vias que acreditava ser possível escalar, viajando sempre para lugares novos e procurando ampliar o meu repertório de vias e a confiança na minha escalada.

Via Imaginity, Frey - ARGNestas idas e vindas, perguntei a um escalador: que vias você aconselharia para quem nunca escalou aqui? e ele respondeu: “Para começar o seu caminho pedagógico aqui você deve escalar primeiro a via tal e depois...”

Por isso digo que escalar repetidamente a mesma via até decorar, não representa o grau que este escalador realmente manda.


Aprendi que na escalada tradicional o grau não é o que mais devemos nos preocupar. rs...


Boas escaladas....

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Mais uma conquista no Bauzinho em São Bento do Sapucaí

A chuva deu uma trégua e pudemos terminar mais uma via no Bauzinho, a via "Mãetiqueira" D2 5° VISup (A1/8°?)E3, 162 m foi conquistada na face norte e começa ao lado direito da via Galba.

Com boa utilização de proteção móvel, alguns lances em vertical, uma chaminé e algo a mais!

Segue mais infos de como foi a conquista.....

Toda as vezes que fiz a Galba e que passava ali na base olhava para a parede e imaginava uma linha passando naquela parte.

Conversando com o Bruno sobre a sua conquista no Baú em solitário fiquei interessando em iniciar esta técnica, após um treino fui fazer uma escaladinha para avaliar o como eu me sairia, escolhi a Galba que é uma via que eu conheço, fui e aproveitei para dar mais uma olhada na linha.

Um dia lindo de sol, após o almoço me bateu uma vontade de ir pra parede e inciar a conquista, como não tinha ninguém para partilhar desta vontade resolve ir sozinho. Sabia que teria que levar mais equipamento e andar bastante, o sol tava muito forte, pois era quase 13:00 da tarde.

Equipamento arrumado e já com o pé na estrada subi o morro com um único objetivo, chegar a tempo suficiente de iniciar o trabalho. Cheguei por volta das 14:30 e iniciei a organização de tudo, com calma iniciei a conquista, subi protegendo em móvel, acredito que já estava a uns 15 metros e percebi que dava pra ter iniciado mais a esquerda, permitindo assim abrir duas linhas naquela faixa de rocha.

Decidi deixar esta linha para o futuro uma vez que já tinha algo em mente e rapelei de uma árvore e desci para a base para começar tudo de novo. Replanejei o início e comecei a subir, protegi logo na saída numa fenda e fui um pouco lento por não estar 100% apto nesta técnica de escalada em solitário.

A linha ia se mostrando bem sólida com boas colocações em móveis, consegui subir mais ou menos uns 15 metros e bati a primeira chapeleta da via. Começou a ficar tarde e achei melhor descer e dar continuidade num outro dia.

Desta vez voltei acompanhado do Beto Pavani para continuar a conquista, comecei a escalar a primeira cordada e após a primeira chapa tive a felicidade de achar outros locais para proteger em móvel. Cada vez mais esta linha ia se mostrando muito agradável de ser escalada, algo fácil e interessante porque sempre tinha algum lugar para usar os meus camalots.

Após chegar num platô de mato, percebi a minha esquerda algumas fendas, protegi com um cam #0.3 , subi um pouco e bati a segunda chapa desta cordada. Acredito que ficou um lance de sexto e aí continuei até chegar em outro platô de mato onde tive mais uma surpresa boa que ao olhar para cima vi uma fenda para montar uma base móvel.

Preparei tudo e chamei o Beto para iniciar a segunda cordada, ele começou a escalar um lance vertical bem legal, bateu duas chapas e já encontrou um crux, onde teve que bater a terceira chapa. Um lance técnico para costurar esta chapa e sair dela, acreditamos que ficou em 6 sup. Saiu um pouco para esquerda e foi tocando pra cima onde conseguiu colocar mais um cam e saiu esticando numa parte mais fácil até chegar num barriguinha que ele bateu a quarta chapa da cordada.

Esta parte ficou bem esticadinha e interessante, após o lance da barriga ele foi subindo e teve que bater mais uma chapa por se tratar de outro crux da cordada, vencido o lance ele fez uma diagonal para a direita e foi bater a base!!! Mais uma cordada pronta, ufa!!!! Estava ficando tarde e iniciei a terceira cordada, subi um pouco e tive uma ótima surpresa, uma chaminé em plena face norte!! Estava decidido a tocar a linha por ali.

Com a chaminé em vista mudei a linha saindo da base e indo para a esquerda subindo um trecho limpo e todo em móvel, cruzei o mato protegendo nas árvores e escalei a chaminé, terminado percebi uma fenda onde existe a possibilidade de fazer uma base móvel para tirar o atrito da corda. Optei por continuar e mirando sempre um tetinho, bati uma chapa e subi mais um pouco protegendo numa fenda horizontal na base do teto.

Tentei liberar de todas as maneiras, mas estava pouco molhado e resolvi acabar a via., toquei pra cima em direção do cume protegendo em alguns locais que fui achando. Via terminada e agora é só aguardar outras repetições.

Queria agradecer aqueles que contribuiram como puderam nesta conquista doando proteções fixas, dando segurança ou até mesmo ajudando na escolha do nome desta via: Armando Galassini, Francisco Borsari (Xicão), Fernando Aranha e Fábio (Psico). Valeu!!!!!

Clique aqui para ver o croqui.

Boas escaladas

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

3 Picos, Mito ou Realidade? Um presente!!!

vista da minha barraca as 6 e pouco da manhã Há muito tempo atrás eu já ouvia falar do famoso e místico point de escalada tradicional no Brasil, lugar de muitas historia, verdadeiras epopéias de noites frias no cume!

Como diz o proprietário do refúgio República 3 Picos, Paulo Macarin “às vezes de noite a parede parece uma árvore de natal, de tantas headlamps iluminando o caminho daqueles que acordaram tarde, rs..."

Apelidado por muitos de Salinas e conhecido por 3 Picos, lugar com uma energia e uma vibe incrível, às vezes difícil de descrever.
Vista para o morro do Caledonia da 1ªchaminé da Leste
Primeira vez que fui percebi que ali não era brincadeira, fiquei impressionado com o tamanho das paredes, eu olhava para todos os lados, mas tinha algo a mais que sempre chamava a minha atenção; o Pico Maior!

Comecei a fazer o caminho pedagógico e fui para o Capacete, lugar muito legal com lindas vias e um ótimo visual para o vale dos deuses e para o Pico Maior.

Alias pude escalar ótimas vias, um treino bom para aclimatar com o local, vias como CERJ D3 5°V(A0/VI+) E2, Sólidas Ilusões D3 5°V (A0/VI+)E3, El Kabong D3 5°VI E2, Fata Morgana D3 5°V+ E3, Roberta Groba D3 5°V+ E3, Cagões e Mercenários D2 6°VIIa E3, Sol da Meia Noite D3 5° VI E3/E4, vias com média de 450 metros que utilizam móvel, tem alguns esticões, aderências e muito mais!!!

Visão dos 3 Picos e Capacete do refúgio República 3 PicosSempre fazendo os bates e voltas nos feriados e algumas vezes de fim de semana, tinha muita vontade de ficar um tempo a mais por lá e em 2006 consegui fixar residência na minha barraca lá no Mascarin por alguns meses.

Foi muitooooooooooo bom, escalava sempre que podia, quando chovia saia para fazer algumas caminhadas, visitar os amigos, tomar umas cachacinhas para esquentar e estimular a conversa!

Entre uns goles e outros escutei muitos causos de escalada bem interessantes, bom porque para aqueles que ouvem atentamente acabam aprendendo um tiquim.!! "Enche a canequinha de novo e qual o beta daquela via mesmo? rs...."
2ª chaminé da Leste
Acordar às 5 da manhã, engolir o café da manhã sem demora e sair caminhando com mochila nas costas, jogo de proteção móvel, costuras, água e comida, anorak, duas cordas, lanterna e afins,
vai se acostumando porque a pegada é assim mesmo.

Escalada Tradicional da melhor qualidade, bora para o Pico Maior e fazer a famosa Leste, uma via linda de 700 metros para começar.Escalada em simultâneo nos seus rampões de aderência, chaminés e muito mais.

Base das vias Sol Celeste e O Mundo da Lua no Pontão do Sol, Pico MaiorAlém desta recomendo fazer as vias Sol Celeste D2 5°V+ E3 e No Mundo da Lua D2 4°V+ E3, vias alucinantes no Pontão do Sol! Uma dica quando chove, geralmente a via que seca primeiro é a Sol Celeste.

Sempre pedindo licença antes de começar as escaladas no maior, estava totalmente aclimatado com o local, aquele vento na cara, escalava sem outro pensamento a não ser aquele de desfrutar o máximo possível daquela via, cada movimento, a sensação de liberdade e integração com a rocha. Aliás nada disso seria possível se não tivesse um parceiro ponta firme que estava atento na segurança !!!!


Oportunidades como essas me levaram a escalar a via O Arco da Velha D4 6°VIIa E3 em um dia muito massa, onde não tinha ninguém na parede e o tempo queria virar o tempo todo, vinha neblina, saia neblina e ai fomos que fomos, num toca toca para o cume sem pensar em outra coisa. Chegamos ao cume quase de noite, escalamos 700 metros em 10 horas, uhuuuuu! Que via animal! Eu estava muito feliz com o feito, mas passando um pouco a adrenalina comecei a pensar no rapel, affffff. Fazer o que... Quase 4 horas depois estávamos no acampamento! Face Nordeste do Pico Maior

Tive a oportunidade e o prazer de escalar com o Tartari, depois de um convite fomos escalar a variante Maria Maluca D3 6°VIIa E3 no Pico Maior, ela fica mais a direita do Arco e tem um visual muito legal da face Nordeste do Pico Maior e leste do capacete. Uma via bem mais em pé, com lances bem interessantes no melhor estilo de 3 picos. Dias depois e mais um convite dele fomos fazer a via Tião Gavião nas Torres de Bom Sucesso, um lugar A N I M A L , fiquei muito impressionado com o local que tem vias de realmente tirar o fôlego.

Outro local que recomendo escalar são as fendas da Caixa de Fósforos, luva de esparadrapo na mão e vai vai vai!!! O local é muito massa e cheia de fendas para todos os gostos, com gênero numero e grau, muito grau!

Caixa de Fósforos vista do vale dos DeusesEm vez de ficar sempre na mesma, recomendo se jogar para 3 Picos, curtir a melhor escalada trad do país e subir mais um degrau na sua escalada. Compre o guia que vale muito a pena.

Quem quiser infos de como chegar e onde ficar só me mandar um e-mail.



Boas escaladas
Braga

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Dicas na Montanha: “A arte do improviso”

Quem já não vivenciou uma situação onde é necessário costurar algo e esqueceu se de trazer agulha e linha de costura, ainda mais se tratando de uma caminhada de vários dias. Mochila estourou, sapato abriu, a barraca rasgou, o zíper ta ruim e por aí vai.

Revisar o equipo antes de sair teria evitado isso,a dica desta vez é quando rasgamos algo de tecido fino, como por exemplo, a nossa calça, parede da barraca e outros. Neste caso tinha esquecido a agulha do meu kit reparos. (Fio dental é ótimo para ser usado no lugar da linha de costura.)

Peguei aquele arame que vem em embalagens para fechar os sacos de diferentes tipos de pães, tirei a camada de plástico, fiz um pequeno olhal em sua ponta, passei a linha e apertei bem com um pequeno alicate que esta sempre no meu kit. (Alicate de R$ 1,99!
O menor e mais leve que encontrar.)

Ajuda muito, assim eu furava e depois puxava a ponta do outro lado com o alicate. Com um pouco de paciência consegui costurar e usar durante muito tempo!


Rodrigo Vasconcellos, montanhista desde 1984, iniciou a prática da escalada em 1994 e é instrutor da Outward Bound Brasil onde atua como educador e guia em expedições.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Conquista da via "Sombra e Escuridão" no Baú, São Bento do Sapucaí - SP.

Iniciamos a via em 2006, após um convite do Bruno onde falava sobre uma possível linha no Baú com fenda e tal... Aceitamos na hora e fomos eu, Andreas e o Bruno para uma empreitada no Baú!!

No começo da cordada já dava para perceber o tom da conversa, aperta o reglete e vai.... Depois de algumas aterrisagens bem sucedidas na árvore a 1ª chapa foi batida. E com isso tocamos para cima, depois que o Bruno virou o plato bateu mais um P e desceu, peguei as tralhas e fui de novo.

Comecei a subir, fazendo as passadas em cliffs de agarra, quando parei para começar a fazer o furo para a proteçao, um cliff se soltou e ae eu virei e comecei a cair, bati um pé no plato e cai mais um pouco batendo cabeça e costa.

Tentei subir de novo, mas percebi que o pé estava doendo demais , game over!Acabei machucando seriamente o pé e tivemos que adiar o fim da conquista para depois.

O tempo passou, voltei a escalar, conquistar e agora em 2009 resolvemos finalizar a rota!!!

Voltamos eu e o Bruno e bivacamos na base, levamos nossas redes, MSR e tudo mais para desmontar o acampamento só quando terminasse a via!

Ai vai o relato da conquista da via feita pelo Bruno em seu blog.

"Iniciado esta via 3 anos atrás, fomos eu e o Braga terminar esta conquista.Haviamos conquistado 2 cordadas na primeira investida e pelos nossos cálculos mais 2 enfiadas estariamos no cume.

1ª Cordada:

Esportivo de parede, sai da base fazendo alguns lances de 7° e chega no 1°P da cordada, as agarras diminuem, mas com equilíbrio e usando a sapa da maneira correta, alcança o 2° e 3° P's da cordada, desse grampo, segue sentindo a um pequeno plato onde após domina-lo, protege-se com um camalot #0.75 na fenda da direita (importante usar costura grande) antes de fazer a travessia para o 4° P da cordada, protege ele e segue tendendo para a esquerda até alcançar o 5°P da cordada.

A partir da quinta proteção fixa, o grau em livre sobe consideravelmente, sendo um possível 9°a, o qual pode ser feito em artificial de cliffs de agarra e buracos (A0).

2ª Cordada:

Sai da base e logo protege-se em um móvel, segue sentido cresta oeste do Baú, protege em uma chapa e mantem-se na cresta, após proteger em uma fenda horizontal, segue tendendo para esquerda sentido pequena arvore e plato, desviando da vegetação existente na parede, passa a base de rapel na beira do plato e toca para a face Sul do Baú, onde tem a P2 mista abaixo da fenda que atravessa o teto.

3ª Cordada:

Fenda linda e sólida, com muitas colocações boas A2 e com forte possibilidade de ser feita em livre, algo em torno de 9°b/c, após a fenda sai em 4 furos de cliff até a 2ª chapa da cordada. Dessa chapa segue por balcões e agarras abaoladas (VIIa/b) até a base, onde literalmente o vento faz a curva no Baú.

4ª Cordada:

Bonita, exigente e com lances emocionantes ao melhor estilo da escalada em aventura, lembrando muito algumas cordadas do Garrafão. Esta cordada foi conquistada sem batedor, o que haviamos levado havia nos deixado na mão, levamos a furadeira, com a bateria possuindo autonomia de 6 furos de 10mm, após a 6ª chapa batida e sem possibilidades de bater mais nada.

Faltando ainda uns 15 mts pro cume, mirei uma canaleta de mato que possivelmente levaria para algumas árvores do cume, com sorte consegui proteger na canaleta e quando a corda já estava acabando cheguei em uma árvore que fixei a corda para o Braga subir!"


Agora só falta repetir a via, quem quiser fazer o download do croqui clique aqui.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Conquista da via "Invasão do Sagaz Homem Fumaça" no Bauzinho, São Bento do Sapucaí - SP.

Bauzinho e Baú
Invasão do Sagaz Homem Fumaça D4 6° VIIb (A2) E3, 210m
Por: Bruno Matta e Rodrigo Vasconcellos “Braga”

Foi conquistada entre o final de Junho e inicio de Julho esta nova rota no Bauzinho, com 210 metros aproximados de extensão, ela apresenta lances audaciosos, exigentes, complexos e comprometedores divididos em 6 cordadas de pura emoção e diversão. É um prato cheio para quem gosta de escalada e aventura.

1ª cordada:

Ela sai logo a esquerda do diedro inicial da Neurônios Fritos, em alguns lances de aderência e logo alguns metros do chão, você protege em uma chapa e manda um lance de equilíbrio (Vsup), alcança uma fissura na sua direita, protege bem com alguns móveis e após um esticão tranqüilo, chega na 2ª chapa da via.

Logo abaixo de uma pequena barriga, antes de vira-la, você protege alto com um friend pequeno-médio e sai segurando em algumas ranhuras da rocha, protegendo da melhor maneira possível, toca para um pequeno diedro que tende para direita.
Neste mini diedro, protege-se razoavelmente bem e faz uma virada de outra barriga (VI) para a sua esquerda, protege novamente e sai tocando em sentido da 3°ªchapa da cordada.

Após a 3ª proteção fixa da cordada, estica sentido uma fissura que inicia na vertical e depois vai para a horizontal abaixo do platô de mato, protege-se bem nessa fissura e domina o platô em um lance de trepa mato.

2ª cordada:

Esta cordada é cheia de surpresas, sai da base mista (grampo P e móveis) protegendo com alguns friends pequenos e ao domínar o batente (Vsup), protege-se com um offset e toca para a 1ª chapa da cordada. Nesta chapa surge um lance de regletes bem interessante até depois da 2ªchapa (VIIa), onde só dá uma aliviada quando você segura na laca.

Apesar da aparência e do barulho de oca, está super sólida, tendo sido bem testada na conquista, protege-se com uma nut grande e Power, entra em um lance bem delicado de equlíbrio e reglets (VIIb) até a 3ª chapa da cordada.

Faz um pequeno contorno de uma barriga pela esquerda e costura a 4ª chapa da cordada, neste lance (VIIa) quem prestar a atenção nos pés da direita estará salvo e quando menos espera pega um buraco e protege com um camalot #1 a prova de bomba, vai tocando sentido fenda horizontal, assim que acessa a fissura a diversão começa, toca apenas em móveis até a base do grande diedro que cruza a parte inferior do teto do Bauzinho.

3ª cordada:

Um presente para o complexo, 30 metros inteiros em móvel de tirar o fôlego, a qualidade da rocha dessa fenda horizontal que cruza o teto do Bauzinho na sua parte inferior é impressionante.

Sai da base e protege muito bem no diedro, faz o crux da cordada, uma pequena travessia para a direita para alcançar a outra fenda (VI sup), assim que acessa essa fenda é pura curtição, rocha sólida e com possibilidades de colocações a cada instante, filé esta cordada.

4ª cordada:

A qualidade da rocha é impressionante, com muitas possibilidades de colocações, domina uma pequena barriga em artificial com peças bombásticas, pega uma fenda uma diagonal para a direita e quando surge à possibilidade sai em cliffs de agarra e buracos, sentido fendão no teto. Antes de entrar no negativo do teto, protege em uma chapa.

Com muitas agarras e fendas sólidas, segue tocando no negativo até alcançar a 2ª chapa da cordada, estando totalmente aéreo, segue pela fenda que cruza o teto, e assim que vira protege na 3ª chapa da cordada, tocando em furos de cliffs até a P4.

Esta enfiada apresenta muita possibilidade de ser feita em livre, um possível 9b/c, tendo sido os lances ensaiados, as proteções móveis são a prova de bomba e a negatividade da parede permite voar a vontade.

5ª cordada:

Ainda na parte negativa da parede, sai da base e costura uma chapa, manda um lance com agarras solidas e levemente negativo (VIIa), protege a 2ª chapa e domina um pequeno platô, protege-se a 3ª chapa e a 4ª em lances ainda delicados (VI) e toca sentido diedro.

Este diedro é muito sólido e com ótimas colocações, é quase uma dádiva, tendo se mantido intocados nestes últimos anos, é bem visual e tranqüilo (V), segue nele até o platô de mato e um pouco antes de dominar o platô, desvia-se dos blocos soltos pela direita e chega na P5.

6ª cordada:

Imagem do croquiInteira em proteções móveis, sai da base e mira um diedro, logo acima (uns 20 mts), protege da melhor maneira possível até chegar nele e quando chega nele,só diversão com proteções a prova de bomba.


Toca pro cume e quando chega à vegetação segue para a direita sentido base final da Neurônios a qual utilizamos para finalizar esta nova via. Trocamos uma das proteções antigas de rebite por uma chapa com bolt.


Resultado melhor não podia ser esperado, 2 cordadas totalmente em móvel, uma cordada em artificial , as outras 3 cordadas mistas.
Para fazer o download do croqui clique aqui .


Está pensando em entrar nela quando?

Guiando seu filho para a Montanha

A vida urbana moderna, com os atrativos da tecnologia, do conforto e do convívio social, afastou o homem da natureza com suas belezas, mistérios, ritmos e sua diversidade de animais e plantas.

Expedição na Serra do Cipó com a OBBSentindo a falta daquele contato, cada vez mais ele busca a natureza para estudo, lazer ou simplesmente para um reencontro consigo mesmo, mas em muitos casos também chegou à vez dos nossos filhos.

Tornar esse encontro mais intenso e seguro requer técnicas de vivência no meio natural e ter conhecimentos específicos como primeiros socorros em ambientes remotos, tempo, orientação, navegação, manejar e cozinhar com um fogareiro uma refeição suficiente para todo o grupo com qualidade e segurança.

Assim podemos evitar que algo sério aconteça como insolação, desidratação, hipotermia, se queimar com o fogareiro, ser apanhado por uma tempestade de raios, afogar numa travessia de rio e por aí vai.

Além disso, é necessário ter experiência em condução de grupo e estar atentos a necessidade física, fisiológica e emocional de cada participante, saber mais um monte de apanhados técnicos para que um simples passeio ou uma complexa expedição de 10 dias se torne uma rica e prazerosa experiência.

Expedição na Serra do Cipó com a OBBEm minhas andanças, tenho visto várias empresas que trabalham com o público jovem atuarem de maneira omissa e irresponsável, talvez por desconhecimento ou ainda mesmo por economia acreditando que o investir no seu corpo de guias não é necessário.

Acreditem que é muito necessário, uma vez que nos capacitamos para PREVENIR, se ANTECIPAR a possíveis problemas e não para que possamos soluciona los quando for preciso.

Por isso, quando forem procurar algo ou alguém que propicie bons momentos na natureza para você e seu filho não se esqueçam de checar algo a mais do que simplesmente o valor, quantos dias e as atividades oferecidas.

O outro lado da Ana Chata

Ana Chata, uma formação rochosa de qualidade em plena serra da Mantiqueira.

Especificamente na cidade de São Bento do Sapucaí, local onde muitos escaladores iniciaram a prática da escalada tradicional devido ao acesso a sua base e principalmente pela facilidade em escalar a maioria de suas vias.

Mas isto tem mudado nestes últimos 2 anos, novas vias foram abertas com o objetivo de aproveitar o melhor da rocha que ainda restava para novas conquistas.Algum tempo atrás tive a oportunidade de participar da conquista de uma linha óbvia a direita da Peter Pan.

Após muita conversa, escalada e desescalada para descobrir o traçado da via antiga e desconhecida por muitos (Paredão Caubói) iniciamos a conquista.

1 ª e 2 ª cordada, total de duas proteções fixas e sistemas alucinantes de fendas. Chegamos ao platô da Lixeiros, mais uma parada móvel, 4 chapas batidas num trecho esportivo e mais toca toca em móvel para o cume.

Fim da via "Pépe Legal" 5+ VIIB E3, 3 cordadas com total de 6 proteções fixas, 3 paradas em móvel e alguns trechos com lances em E3 me levam a crer que o resultado ficou bem interessante.

Até agora teve poucas repetições.Ano passado demos sequência no trabalho e abrimos um novo setor na Ana Chata, chamamos de "Vias da Roça". Localizado na face Noroeste e tendo como acesso a estrada que passa pelo estacionamento da Ana Chata e segue até chegar ao fim da estrada sentido rocha.

Na trilha percebia se o potencial do local para a prática da escalada em móvel e me perguntava todo o tempo como ninguém tinha feito nada naquele lado. Escolhemos a primeira linha, fizemos o planejamento necessário e tocamos pra cima, fim do dia e acabamos a via Zé Buscapé, entre colocações móveis e poucas proteções fixas percebemos a riqueza do local para aqueles que querem praticar e aprimorar sua escalada tradicional.

Pinças, aderência, fendas, esticões, abaulados e muito mais! O lugar prometia e continuamos as conquistas, em pouco tempo finalizamos o setor, com 7 vias os escaladores podem fugir da rotina de sempre da Ana Chata e achar um locar sossegado onde tenha a oportunidade para passar momentos interessantíssimos.

Além destas vias, outras foram abertas nas demais faces por conquistadores que deram um algo a mais para a Ana Chata.Para quem quiser mais informação é só enviar um e-mail para o e-mail robraga@hotmail.com, os croquis serão lançados na sequência.

Rodrigo Vasconcellos, montanhista desde 1984, iniciou a prática da escalada em 1994 e é instrutor da Outward Bound Brasil onde atua como educador e guia em expedições.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A Montanha da Vida

A vida pode ser comparada à conquista de uma montanha.
Como a vida, ela possui altos e baixos.

Para ser conquistada, deve merecer detalhada observação, a fim de que a chegada ao topo se dê com sucesso.

Todo alpinista sabe que deve ter equipamento apropriado.
Quanto mais alta a montanha, maiores os cuidados e mais detalhados os preparativos.

No momento da escalada, o início parece ser fácil.

Quanto mais subimos, mais árduo vai se tornando o caminho.
Chegando a uma primeira etapa, necessitamos de toda a força para prosseguir.


O importante é perseguir o ideal: chegar ao topo. À medida que subimos, o panorama que se descortina é maravilhoso.

As paisagens se desdobram à vista, mostrando-nos o verde intenso das árvores, as rochas pontiagudas desafiando o céu.

Lá embaixo, as casas dos homens tão pequenas...É dali, do alto, que percebemos que os nossos problemas, aqueles quejá foram superados são do tamanho daquelas casinhas.

Pode acontecer que um pequeno descuido nos faça perder o equilíbrio e rolamos montanha abaixo.

Batemos com violência em algum arbusto e podemos ficar presos na frincha de uma pedra.É aí que precisamos de um amigo para nos auxiliar.

Podemos estar machucados, feridos ao ponto de não conseguir, por nós mesmos, sair do lugar.

O amigo vem e nos cura os ferimentos.
Estende-nos as mãos, puxa-nos e nos auxilia a recomeçar a escalada.

Os pés e as mãos vão se firmando, a corda nos prende ao amigo que nos puxa para a subida.

Na longa jornada, os espaços acima vão sendo conquistados dia a dia.
Por vezes, o ar parece tão rarefeito que sentimos dificuldade para respirar.

O que nos salva é o equipamento certo para este momento.

Depois vêm as tempestades de neve, os ventos gélidos que são os problemas e as dificuldades que ainda não superamos.

Se escorregamos numa ladeira de incertezas, podemos usar as nossas habilidades para parar e voltar de novo.

Se caímos num buraco de falsidade de alguém que estava coberto deneve, sabemos a técnica para nos levantar sem torcer o pé e sem machucar quem esteja por perto.

Para a escalada da montanha da vida, é preciso aprender a subir e descer, cair e levantar, mas voltar sempre com a mesma coragem.

Não desistir nunca de uma nova felicidade, uma nova caminhada, uma nova paisagem, até chegar ao topo da montanha.